Pergunto-me, muitas vezes, principalmente quando estou a vestir-me, descontraidamente, e tenho dificuldade em apertar o fecho das calças, que, by the way, comprei no princípio da desta estação, quem foi o anormal que deu início às tendências anoréxicas da moda actual, e de há alguns anos a esta data.
Durante a minha adolescência nunca pensei muito nesta questão, porque os meus ídolos eram as campeãs de ginástica rítmica, sem mamas nem rabo a atrapalharem a graciosidade dos movimentos. Na década dos “intes” a pergunta nem me ocorreu. Atribuí as culpas ao sexo oposto. Dada a minha condição de heterossexual, era óbvio que deveriam ser os homens os responsáveis pelo escrutínio sobre nós mulheres como objectos sexuais que também somos. Mas só há pouco tempo, na altura em que os fechos e os botões me começaram a incomodar, tive a necessidade de explorar a questão e descobri que quem inventou a moda das magrezas só pode ter sido uma mulher. Provavelmente uma mulher semelhante a um monte de ossos andante, que viveu a sua adolescência com o complexo da falta de curvas, teve uns pais fans dos filmes da Sofia Lauren, e foi perseguida pela alcunha de Olívia Palito. Provavelmente a Olívia coleccionava “5” a educação visual e decidiu concentrar-se na sua vingança pessoal contra as curvas femininas.
É a única explicação que encontro, já que os homens até preferem a voluptuosidade nas mulheres. Basta comparar as modelos das passerelles que revelam as tendências da próxima estação nas revistas femininas (quais cabides andantes), e as que posam para as revistas masculinas, ao lado de todo o tipo de tecnologias que chamam a atenção dos homens. É muito óbvio!
Só quero que isto mude depressa e que alguma adolescente perseguida pelos seus pneus (que nem precisam ser muito grandes), que tenha jeito para o desenho, se aventure em Paris e faça alguma concorrência à Fátima Lopes. Eu gosto da Fátima Lopes, da sua preserverança e sucesso, mas já faz falta uma Fátima II que não poupe no tecido e desenhe umas roupitas que caiam bem sobre peitos grandes e ancas largas (sem querer plagiar o Mo Yan). Afinal a sobrevivência da espécie humana assenta nisso mesmo, nos ícones da fertilidade e procriação, e é preciso rejuvenescer a população, que, ao que parece, envelhece a passos largos. E eu preciso de me continuar a vestir descontraidamente, sem pôr em causa a minha auto-estima, ou porque tenho dificuldade em que a roupa me assente como à modelo que aparece no catálogo, ou porque não me apetece contribuir mais para o lucro das clínicas de estética. Voltem as Sofias, as Brigittes e as Merylins do século passado, please!
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