sábado, 8 de março de 2008

Mar02 Balão


Março de 2002

Eu, o Markus, o Hélio e a Jónia, todos pára-quedistas. A Jónia foi a minha companheira de curso, mas desistiu no seu terceiro salto, quando foi aterrar no telhado do hangar. Foi um salto que ninguém esquece, pois o Markus também se magoou ao sair do avião e partiu uma omoplata, enquanto que o Sérgio teve uma emergência e foi aterrar na linha-férrea.
Os quatro, saímos de Maputo numa sexta-feira ao final da tarde, rumo à fronteira de Ressano Garcia, mesmo a tempo de a apanhar aberta e passar para território sul-africano. Apesar de irmos na pick-up Ford do Markus, o Hélio é que conduzia, enquanto que o Markus levava o mapa e lhe dava as indicações sobre a direcção para chegarmos ao lodge onde tínhamos reservado uma noite de estadia. Era um dos lodges em redor do Kruguer National Park, a norte da cidade de Nelspruit, que já conhecíamos bem, pois era o destino regular para compras dos moçambicanos mais abastados.
O objectivo era um passeio de balão de ar quente na manhã seguinte, na madrugada seguinte mais propriamente, pois era suposto vermos o nascer do sol já no ar.
Eu e a Jónia, no banco de trás, riamos com a discussão do condutor e navegador. Acho que já estávamos perdidos há muito tempo, mas só confirmámos, quando nos deparámos com um cruzamento pelo qual tínhamos passado há uma hora atrás. Alterámos a estratégia. O Markus passou a condutor e eu a navegadora, sempre tive bom sentido de orientação e até já ganhei um rally-paper. O Hélio passou para o banco de trás, para junto da sua mais que tudo. O Hélio e a Jónia fazem um par muito engraçado. Ele, um português muito branco, e ela, uma moçambicana bastante escura. É um bonito contraste, já que são os dois muito bonitos e elegantes. Na África do Sul, onde o apartheid não foi uma ilusão e não há misturas de cor, o par fazia parar o trânsito.

passava da meia-noite quando chegámos ao nosso destino e quase não dormimos, ou como eu digo muitas vezes, dormimos a correr, porque às três e meia da manhã estávamos a pé e prontos para a nossa viagem de balão. Foi muito bonito, muito suave e tranquilo. Demasiado tranquilo para quem salta de pára-quedas. Sobrevoámos o Kruguer e o mais engraçado foi a aterragem, dado que os balões, apesar de se manobrarem minimamente, não se conseguem aterrar com precisão. Depois de um copo de champanhe sem pequeno-almoço, que nos ofereceram em pleno voo, as manobras para evitar um imenso bananal que roçávamos, pareciam muito mais engraçadas do que realmente eram. Acabámos por aterrar junto a um lago, ou direi, dentro do lago, já que metade do cesto estava dentro de água. Foi um dia inesquecível, pois quem se vai esquecer de um passeio de balão em plena selva.

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