Esta não foi uma viagem de sonho, nem se pode apelar de aventura, pois tudo correu como planeado, sem qualquer contra tempo, a não ser o calor sufocante que me apanhou de surpresa.
De qualquer das formas acabei por escrever um pequeno “journal”, nos intervalos das visitas às pirâmides, aos túmulos, aos templos e às barragens. Muita pedra e pouco sono.
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.De qualquer das formas acabei por escrever um pequeno “journal”, nos intervalos das visitas às pirâmides, aos túmulos, aos templos e às barragens. Muita pedra e pouco sono.
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2JUN08
LUXOR
11:25
Chegámos há pouco a Luxor, antiga Tebas, ex-capital do Egipto antigo. Estou sentada na esplanada do deck do Kon-Tiki, um cruzeiro do Nilo, de luxo, e à minha frente ergue-se o templo de Luxor, ou o que resta dele. Temperatura a rondar os 45 Cº, nunca menos, e a brisa é fraca, quente e húmida. Ao contrário do Cairo, aqui não se ouve praticamente nada a esta hora do dia, como se tudo estivesse suspenso. Os barcos estão ancorados, as pessoas protegidas do calor, as palmeiras hirtas, o Nilo parece um espelho ligeiramente enrugado e o trânsito és escasso. Tudo praticamente imóvel. De vez em quando chega-me ao ouvido um distante som de música árabe e é só.
O empregado acabou de me cumprimentar em árabe, diz que pareço egípcia. Não é o primeiro. De facto o meu cabelo está claro, mas não engana ninguém, embora as madeixas louras estejam muito bem feitas. É quase desconcertante. É habib práqui, nefretiti dos portugueses práli...
Comecei aqui as notas sobre esta viagem porque foi o primeiro bocadinho que tive para escrever, apesar de já ter acabado o único livro que trouxe para ler. Era pequeno para não pesar muito, e li a maior parte no voo de 6 horas Lisboa-Cairo. Depois o entusiamo levou-me a tirar horas ao sono para o terminar.
A chegada é a mesma em qualquer parte da África equatorial: a onda de calor que nos empurra novamente para dentro do avião.
Avistei uma quantidade de pequenos aviões com o símbolo PAS, qualquer coisa como Petroleum Air Services. Nem sabia que o Egipto tinha petróleo, mas também parece que nem é suficiente para o consumo interno dos 78 milhões de habitantes deste país, 17 dos quais na capital e os restantes ao longo do Nilo, nos 6% de território habitável deste país. A visão aérea do Nilo é bastante esclarecedora: um tapete bege, cortado por uma passadeira verde. À medida que perdemos altitude, nota-se um risco grosso mais escuro no meio: o Rio Nilo.
O Cairo. Uma cidade africana. Confusão de trânsito, pessoas e animais. O caos organizado, como costumo dizer. O caos para quem está de fora, e organizado para quem o vive. Uma cidade do médio oriente. Souques, homens nos cafés a beberem chá para refrescarem e a fumarem cigarros ou chicha, mulheres tapadas, pequenos telheiros nos passeios das avenidas mais largas, para ajudar a proteger do sol e vida nocturna intensa, precisamente porque já não há sol. E por falar em sol, vim um pôr do sol que, suponho, me vai ficar na memória, como alguns que já colecciono. A cidade dos mortos em baixo e uma bola incandescente em tons rubros a descer sobre o manto de poluição e humidade, a desenhar os topos das mesquitas e seus mineretes. Fabuloso! Contudo, apesar desta maravilhosa visão, a única coisa que os restantes turistas do grupo comentavam era como eram horríveis as casas e os prédios que se avistam por todo o Cairo.
Há duas razões para o facto dos prédios parecerem miseráveis e inacabados. Os mais pequenos pertencem a famílias que os vão acrescentando na vertical para alojar os descendentes. Os filhos constroem um piso acima dos seus pais e os seus filhos outro e por aí fora, sem nunca darem por terminado o edifício, que fica com os ferros dos pilares a descoberto numa placa sem telhado. E isto eu já sabia, só não compreendia porque razão os prédios grandes e altos se apresentam literalmente inacabados, ou por fora ou por dentro, mas normalmente por fora, ou seja, não estão pintados nem minimamente arranjados no exterior, onde muitas vezes se vêem os tijolos, mas são habitados. A razão até é simples, para não pagarem impostos ao Estado. Enquanto o prédio não se considerar acabado não se paga imposto. Actualmente parece que o Estado impõe condições e prazos de construção quando vende um terreno, contudo, se a transacção é entre privados, não há regras legalmente impostos.
É uma forma de vida, mas não se trata de sobrevivência ou miséria, como lhes chamam as pessoas que viajaram comigo até esta manhã. Talvez nunca tenham visto pobreza e não tenham muita noção da diferença entre pobreza autêntica e pobreza de espírito.
Não estava muito longe da verdade quando ao comprar esta viagem, imaginei que iria integrar um grupo de 3ª idade, com tours organizados, hotéis de 5 estrelas e cruzeiros de luxo. Das 11 pessoas que viajaram no mesmo voo que eu, 9 ficaram noutros hotéis e barco, enquanto que eu e um casal na casa dos 60 anos de idade, ficámos num hotel de 5 estrelas superior e embarcámos há pouco no kon-tiki.
Até agora visitámos o Cairo e viajámos para Luxor juntos, mas os próximos quatro dia serei só eu, o Agostinho e a Matilde, acompanhados pelo nosso guia, o Hamed, que nos levará a visitar os templos, túmulos, esfinges e outras estátuas e monumentos até Abu Simbel.
O casal Medeiros vive em Beja e tem quatro filhos e um neto. São reservados e calmos, mas muito agradáveis. Há pouco percebi que o Agostinho é médico pediatra, quando ligou o telemóvel para registar o meu número e me informou que nunca está ligado ou passaria o tempo a atender chamadas das mães dos seus pequenos pacientes. Joga golf, faz ski e gosta de fotografia. Nada me é estranho, por isso temos nos dado lindamente. A Matilde é uma professora primária reformada. Sempre muito sossegada, acompanham-me no desconforto do intenso calor.
Agora tenho que ir para visitar o templo de Karnak e de Luxor.
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LUXOR
11:25
Chegámos há pouco a Luxor, antiga Tebas, ex-capital do Egipto antigo. Estou sentada na esplanada do deck do Kon-Tiki, um cruzeiro do Nilo, de luxo, e à minha frente ergue-se o templo de Luxor, ou o que resta dele. Temperatura a rondar os 45 Cº, nunca menos, e a brisa é fraca, quente e húmida. Ao contrário do Cairo, aqui não se ouve praticamente nada a esta hora do dia, como se tudo estivesse suspenso. Os barcos estão ancorados, as pessoas protegidas do calor, as palmeiras hirtas, o Nilo parece um espelho ligeiramente enrugado e o trânsito és escasso. Tudo praticamente imóvel. De vez em quando chega-me ao ouvido um distante som de música árabe e é só.
O empregado acabou de me cumprimentar em árabe, diz que pareço egípcia. Não é o primeiro. De facto o meu cabelo está claro, mas não engana ninguém, embora as madeixas louras estejam muito bem feitas. É quase desconcertante. É habib práqui, nefretiti dos portugueses práli...
Comecei aqui as notas sobre esta viagem porque foi o primeiro bocadinho que tive para escrever, apesar de já ter acabado o único livro que trouxe para ler. Era pequeno para não pesar muito, e li a maior parte no voo de 6 horas Lisboa-Cairo. Depois o entusiamo levou-me a tirar horas ao sono para o terminar.
A chegada é a mesma em qualquer parte da África equatorial: a onda de calor que nos empurra novamente para dentro do avião.
Avistei uma quantidade de pequenos aviões com o símbolo PAS, qualquer coisa como Petroleum Air Services. Nem sabia que o Egipto tinha petróleo, mas também parece que nem é suficiente para o consumo interno dos 78 milhões de habitantes deste país, 17 dos quais na capital e os restantes ao longo do Nilo, nos 6% de território habitável deste país. A visão aérea do Nilo é bastante esclarecedora: um tapete bege, cortado por uma passadeira verde. À medida que perdemos altitude, nota-se um risco grosso mais escuro no meio: o Rio Nilo.
O Cairo. Uma cidade africana. Confusão de trânsito, pessoas e animais. O caos organizado, como costumo dizer. O caos para quem está de fora, e organizado para quem o vive. Uma cidade do médio oriente. Souques, homens nos cafés a beberem chá para refrescarem e a fumarem cigarros ou chicha, mulheres tapadas, pequenos telheiros nos passeios das avenidas mais largas, para ajudar a proteger do sol e vida nocturna intensa, precisamente porque já não há sol. E por falar em sol, vim um pôr do sol que, suponho, me vai ficar na memória, como alguns que já colecciono. A cidade dos mortos em baixo e uma bola incandescente em tons rubros a descer sobre o manto de poluição e humidade, a desenhar os topos das mesquitas e seus mineretes. Fabuloso! Contudo, apesar desta maravilhosa visão, a única coisa que os restantes turistas do grupo comentavam era como eram horríveis as casas e os prédios que se avistam por todo o Cairo.
Há duas razões para o facto dos prédios parecerem miseráveis e inacabados. Os mais pequenos pertencem a famílias que os vão acrescentando na vertical para alojar os descendentes. Os filhos constroem um piso acima dos seus pais e os seus filhos outro e por aí fora, sem nunca darem por terminado o edifício, que fica com os ferros dos pilares a descoberto numa placa sem telhado. E isto eu já sabia, só não compreendia porque razão os prédios grandes e altos se apresentam literalmente inacabados, ou por fora ou por dentro, mas normalmente por fora, ou seja, não estão pintados nem minimamente arranjados no exterior, onde muitas vezes se vêem os tijolos, mas são habitados. A razão até é simples, para não pagarem impostos ao Estado. Enquanto o prédio não se considerar acabado não se paga imposto. Actualmente parece que o Estado impõe condições e prazos de construção quando vende um terreno, contudo, se a transacção é entre privados, não há regras legalmente impostos.
É uma forma de vida, mas não se trata de sobrevivência ou miséria, como lhes chamam as pessoas que viajaram comigo até esta manhã. Talvez nunca tenham visto pobreza e não tenham muita noção da diferença entre pobreza autêntica e pobreza de espírito.
Não estava muito longe da verdade quando ao comprar esta viagem, imaginei que iria integrar um grupo de 3ª idade, com tours organizados, hotéis de 5 estrelas e cruzeiros de luxo. Das 11 pessoas que viajaram no mesmo voo que eu, 9 ficaram noutros hotéis e barco, enquanto que eu e um casal na casa dos 60 anos de idade, ficámos num hotel de 5 estrelas superior e embarcámos há pouco no kon-tiki.
Até agora visitámos o Cairo e viajámos para Luxor juntos, mas os próximos quatro dia serei só eu, o Agostinho e a Matilde, acompanhados pelo nosso guia, o Hamed, que nos levará a visitar os templos, túmulos, esfinges e outras estátuas e monumentos até Abu Simbel.
O casal Medeiros vive em Beja e tem quatro filhos e um neto. São reservados e calmos, mas muito agradáveis. Há pouco percebi que o Agostinho é médico pediatra, quando ligou o telemóvel para registar o meu número e me informou que nunca está ligado ou passaria o tempo a atender chamadas das mães dos seus pequenos pacientes. Joga golf, faz ski e gosta de fotografia. Nada me é estranho, por isso temos nos dado lindamente. A Matilde é uma professora primária reformada. Sempre muito sossegada, acompanham-me no desconforto do intenso calor.
Agora tenho que ir para visitar o templo de Karnak e de Luxor.
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4JUN08
ESNA
22:00
Estou novamente no deck, que já só se torna suportável depois de cair a noite. Tinha consciência de que esta viagem era muito busy, cheia de visitas e horários apertados, mas, no final do 4º dia, estou exausta!
No sábado, depois de fazer o check-in no hotel Safir, já no final da tarde, só tive tempo de tomar um duche e saí, acompanhada pelo Rami, um dos representantes do operador turístico. Tomámos um expresso numa cafeteria (como lhes chamam), perto do hotel, no centro do Cairo, e seguimos para o Vale de Gize, onde fui assistir a um espectáculo de luz e som, projectado nas pirâmides. Como chegámos mais cedo e enquanto esperámos pelo quatro outros elementos do grupo que também iam assistir ao show, sentámos-nos na esplanada de um café, numa rua muito movimentada, e ali ficámos, rodeados por homens curiosos, e beber chá de menta e a fumar chicha com sabor a maçã.
Depois do espectáculo o Rami convidou-me para jantar num restaurante típico egípcio e foi a refeição que mais me agradou até agora. Sentámos-nos na esplanada e como se alguém tivesse tocado no interruptor, as pirâmides iluminaram-se. É verdade, jantei com vista para a pirâmide de Keops.
O regresso ao hotel deu para observar o reboliço que a cidade vive até altas horas, entre esplanadas cheias, trânsito intenso e lojas abertas. Deitei-me à 1:30 e fui acordada às 5:30, para um dia muito preenchido.
ESNA
22:00
Estou novamente no deck, que já só se torna suportável depois de cair a noite. Tinha consciência de que esta viagem era muito busy, cheia de visitas e horários apertados, mas, no final do 4º dia, estou exausta!
No sábado, depois de fazer o check-in no hotel Safir, já no final da tarde, só tive tempo de tomar um duche e saí, acompanhada pelo Rami, um dos representantes do operador turístico. Tomámos um expresso numa cafeteria (como lhes chamam), perto do hotel, no centro do Cairo, e seguimos para o Vale de Gize, onde fui assistir a um espectáculo de luz e som, projectado nas pirâmides. Como chegámos mais cedo e enquanto esperámos pelo quatro outros elementos do grupo que também iam assistir ao show, sentámos-nos na esplanada de um café, numa rua muito movimentada, e ali ficámos, rodeados por homens curiosos, e beber chá de menta e a fumar chicha com sabor a maçã.
Depois do espectáculo o Rami convidou-me para jantar num restaurante típico egípcio e foi a refeição que mais me agradou até agora. Sentámos-nos na esplanada e como se alguém tivesse tocado no interruptor, as pirâmides iluminaram-se. É verdade, jantei com vista para a pirâmide de Keops.
O regresso ao hotel deu para observar o reboliço que a cidade vive até altas horas, entre esplanadas cheias, trânsito intenso e lojas abertas. Deitei-me à 1:30 e fui acordada às 5:30, para um dia muito preenchido.
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Visita às pirâmides de Gize, incluindo a esfinge, galeria do papiro, almoço num restaurante flutuante, museu do Cairo, passagem pelos principais bairros da cidade, passeio pelo mercado de Al Kalili e jantar num restaurante tipicamente árabe familiar, rico e piroso. Quando cheguei ao hotel “não podia com uma gata pelo rabo”!
No 3º dia, acordar novamente de madrugada para apanhar o avião para Luxor, onde chegámos ontem ao final da manhã.
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Depois de conhecer a minha magnifica cabine, com a minha cama super king size e a minha enorme janela para vislumbrar o Nilo, almoçámos on board e saímos para recebermos uma aula sobre o maior templo do mundo, o Templo de Karnak, seguido do Templo de Luxor, tudo na margem oriental do rio, onde se encontram os templos dos vivos e da adoração do povo aos deuses. Esta manhã rumámos à margem ocidental do Nilo, onde se encontram os túmulos dos mortos. Colosso de Memnon, Vale das Rainhas, Vale dos Reis e o templo mandado construir pela rainha Hutshepsut, que perdeu o poder e teve que partilhar a governação do Egipto com o seu enteado, o faraó qualquer coisa III, e irmão do filho da rainha e do seu meio irmão, o qualquer coisa II. Uma grande promiscuidade portanto!
Os 45 Cº às 11h foram determinantes para o cansaço que sinto. Vou fechar os olhos porque daqui a poucas horas tenho que despertar para mais templos.
Os 45 Cº às 11h foram determinantes para o cansaço que sinto. Vou fechar os olhos porque daqui a poucas horas tenho que despertar para mais templos.
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5JUN08
ASSUÃO
23:00
Deitei-me com as pernas mais altas para ver se ajuda a desinchar os pés, que estão anormalmente empolados pelo esforço das caminhadas sob as elevadas temperaturas, mas o barulho dos espanhóis e franceses que dançam trajados a rigor, numa festa árabe no bar do 4º piso, não ajudam ao descanso.
Hoje visitámos os templos de Edfu e de Kom Ombo, este último já ao final da tarde e ao som das rezas das mesquitas.
ASSUÃO
23:00
Deitei-me com as pernas mais altas para ver se ajuda a desinchar os pés, que estão anormalmente empolados pelo esforço das caminhadas sob as elevadas temperaturas, mas o barulho dos espanhóis e franceses que dançam trajados a rigor, numa festa árabe no bar do 4º piso, não ajudam ao descanso.
Hoje visitámos os templos de Edfu e de Kom Ombo, este último já ao final da tarde e ao som das rezas das mesquitas.
Estamos agora a chegar a Assuão, onde amanhã vamos visitar a grande barragem que originou o maior lago artificial do mundo, o Lago Nasser para os egípcios e o Lago Núbio para os sudaneses; a pedreira de mármore rosa, onde os antigos egípcios davam forma aos gigantescos oblíscos, um dos quais no centro da praça Concorde em Paris, mesmo em frente ao Louvre, tendo os franceses demorado 6 meses para o retirar do Templo de Luxor e transportá-lo para França, a troco de um famoso relógio de parede, que nunca funcionou (as coisas que eu aprendo!); e o Templo de Philae, um dos vários que, a pedido da UNESCO, foram transladados para locais a salvo das águas do lago criado pela barragem.
Depois o tempo vai ser ainda mais apertado, pois na véspera do regresso a casa, vamos até Abu Simbel, partindo de Assuão às 3:00, percorrer cerca de 600 km até ao início da tarde, apanhar o voo para o Cairo, de onde sairemos às 4:00 do dia seguinte, rumo a Lisboa.
A festa parece que já acabou, o barco acabou de atracar e eu vou dormir.
Depois o tempo vai ser ainda mais apertado, pois na véspera do regresso a casa, vamos até Abu Simbel, partindo de Assuão às 3:00, percorrer cerca de 600 km até ao início da tarde, apanhar o voo para o Cairo, de onde sairemos às 4:00 do dia seguinte, rumo a Lisboa.
A festa parece que já acabou, o barco acabou de atracar e eu vou dormir.
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E foi mesmo assim.
E foi mesmo assim.
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