Hoje visitei a Filipa, no seu 6º dia de vida. Desta vez fiz-me acompanhar da minha irmã, grávida de 5 meses, e da minha mãe, a 4 meses de ser avó pela 1ª vez. Esta tarde a Filipa teve ainda a visita da avó materna, portanto, teve uma assistência de 4 pessoas, enquanto o pai lhe mudava a fralda e a mãe lhe dava de mamar. Mas os pais babados já não estranham a audiência, parece que para verem o primeiro banho da Filipa em casa, a plateia reuniu mais de uma dezena de pessoas, entre os avós, tios, primos e vizinhos.
Ela continua serena entre os choros de aviso de fome. Já os pais são uma mistura de fascínio e medo. Estão encantados com a vida que criaram, mas um pouco mais assustados do que pareciam nas primeiras horas de vida da filha. Uma espécie de desassossego por não saberem muito bem se estão a fazer tudo bem, se há alguma outra razão para o choro, que não a fome, ou a fralda ou as cólicas. Pessoalmente, acho terrificante decifrar o choro de um bebé.
Mas este apontamento não é tanto sobre a Filipa ou sobre a minha inexperiência no que diz respeito à maternidade. Este registo é mais sobre o milagre da paternidade.
Já conheço o Luís há muitos anos, duas décadas talvez. É um homem reservado e de poucas palavras e algumas piadas. À primeira vista reconhecemos uma postura low-profile, que até pode parecer sem grande versatilidade, mas desenganem-se. Já assisti ao seu streapteese em cima de uma coluna, à paciência com que atura uma história sem nexo, à facilidade com que disponibiliza um ombro, à placidez com que constrói uma relação, ao entusiasmo com que me explica praticamente tudo o que sei sobre arte, sobre pintores, escultores, fotógrafos, cineastas ou arquitectos, ao prazer com que se dedica à fotografia, à calma com que lida com o pânico, mesmo que venha a sucumbir ao choque mais tarde, e quando acho que já lhe conheço todas as expressões, eis que surge um novo olhar, um novo sorriso, o de pai. É surpreendente vê-lo embalar a Filipa.
080429/RS
Ela continua serena entre os choros de aviso de fome. Já os pais são uma mistura de fascínio e medo. Estão encantados com a vida que criaram, mas um pouco mais assustados do que pareciam nas primeiras horas de vida da filha. Uma espécie de desassossego por não saberem muito bem se estão a fazer tudo bem, se há alguma outra razão para o choro, que não a fome, ou a fralda ou as cólicas. Pessoalmente, acho terrificante decifrar o choro de um bebé.
Mas este apontamento não é tanto sobre a Filipa ou sobre a minha inexperiência no que diz respeito à maternidade. Este registo é mais sobre o milagre da paternidade.
Já conheço o Luís há muitos anos, duas décadas talvez. É um homem reservado e de poucas palavras e algumas piadas. À primeira vista reconhecemos uma postura low-profile, que até pode parecer sem grande versatilidade, mas desenganem-se. Já assisti ao seu streapteese em cima de uma coluna, à paciência com que atura uma história sem nexo, à facilidade com que disponibiliza um ombro, à placidez com que constrói uma relação, ao entusiasmo com que me explica praticamente tudo o que sei sobre arte, sobre pintores, escultores, fotógrafos, cineastas ou arquitectos, ao prazer com que se dedica à fotografia, à calma com que lida com o pânico, mesmo que venha a sucumbir ao choque mais tarde, e quando acho que já lhe conheço todas as expressões, eis que surge um novo olhar, um novo sorriso, o de pai. É surpreendente vê-lo embalar a Filipa.
080429/RS
2 comentários:
Rita, finalmente chegamos ao teu Estreito de Drake. Um primeiro comentário para dizer que ficamos comovidos com as tuas palavras sobre a Filipa. Concordo em absoluto com a tua caracterização do Luis. A partir de agora seguirei com alguma atenção os movimentos das "patinhas".
Beijo. Paula
Gosto especialmente da tua identificação! What else?
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