segunda-feira, 13 de outubro de 2008

SELVA NA CIDADE

Esta manhã acordei com o dia cinzento e molhado e decidi deixar a minha amiga de duas rodas na garagem. Não tanto porque ela se constipa, porque a chuva não lhe faz mal, pelo contrário, os dias de chuva e as revisões são as únicas oportunidades que ela tem de tomar banho! Mas mais porque os primeiros dias de chuva tornam as estradas como pacotes de manteiga, e isso, aliado à falta de civismo dos condutores das quatro rodas (eu sei que por vezes não é por mal, apenas não lhes passa pela cabeça a existência dos veículos de duas rodas que têm a mania de passar entre os carros), eleva o risco para as motas.
Contudo, é sempre nos dias de chuva que a mota é mais útil dado que os arredores da cidade ficam caóticos. Este manhã, a fila na A2 em direcção à ponte 25 de Abril tinha 15 km!
Lá fui de beettle até à estação de comboios do Pragal, que fica a 5 min. de carro da minha minha casa. Andei 100m. e fiquei parada. O condutor que estava atrás de mim, deve ter achado que conseguia encontrar outro acesso desimpedido, saiu da organizada fila de carros e bum. Ouvi os plásticos a bater no carro e depois a raspar o asfalto e, pelo espelho retrovisor, vi a mota a derrapar pela faixa contrária e o condutor a ser projectado para o passeio do lado contrário. Automaticamente, olhei em frente e, aliviada, vi que não havia veículos a circular no sentido contrário, pelo menos até onde a minha vista alcançava. Mais aliviada ainda, vi o rapaz do capacete levantar-se de um salto e gesticular com os braços no ar. Uff, estava bem, mas chateado! Já o condutor do carro, saiu e verificou os estragos no seu veículo antes de se dirigir ao motard. Sem comentários!
Até me fez lembrar o acidente da Sónia, que foi mais ou menos parecido, embora ela tenha ficado um bocado amassada e com a consciência de que as protecções do seu casaco novo, tiveram um papel muito importante e já se amortizaram completamente.
Também me podia lembrar do episódio que vivi a semana passada, quando, já no centro de Lisboa, parei num semáforo de um cruzamento, ao lado duma carrinha de caixa fechada. O sinal ficou verde para nós e o condutor da carrinha ficou na indecisão de me deixar passar, e eu, naquele vai não vai, desequilibrei-me e caí. O senhor, provavelmente a pensar que eu ainda o ia culpar pela queda, arrancou a toda a velocidade e deixou-me ali, com a mota no chão. Se ele soubesse que eu sou uma aselha, que me farto de cair quase parada e que não tenho força para levantar a mota do chão, acho que tinha ficado onde estava e ajudava-me. E a cena torna-se quase hilariante, como sempre: eu, em pé e de capacete na cabeça, a olhar para a mota deitada no chão, ambas à espera de uma alma caridosa e com alguma força. E como sempre, não demorou muito tempo até chegar ajuda. Desta vez foi um homem muito helpfull e muito interessante, que parou o carro no meio da estrada, veio levantar a mota e não ouvi nenhuma reclamação vinda da fila de trânsito que se formou atrás do carro parado em plena via. Ficámos as duas muito contentes, só nos esquecemos de pedir o número de telefone!
Bom, o episódio desta manhã não envolveu uma mulher interessante a sair do carro a correr para acudir ao pobre do rapaz que ficou com a mota desfeita, mas pelo menos, também não envolveu feridos.
Depois disto, demorei mais meia hora até chegar à estação, esperei mais 10 min pelo comboio, lá vim espalmada no meio da multidão e cheguei ao banco às 9h, a pensar nos 15 min que demoro a chegar quando venho de mota!
É a vida na selva que é o trânsito em Lisboa.

1 comentário:

Unknown disse...

muito helpfull e muito interessante

nao queres elaborar mais sobe esta declaracao?

muitos beijinhos Rita. adoro tuas cronicas.

Markos